24 de mar. de 2010

O caso Isabella Nardoni

Desde que a menina Isabella Nardoni foi jogada (ou jogou-se?) da janela do 6º andar do edifício London, onde seu pai e madrasta moravam, eu passei a acompanhar todos os passos da investigação.

Tanto que o assunto foi o tema que escolhi para a minha monografia (que depois transformei em artigo e está aqui). Fiz uma análise das capas de Época e Veja, à luz da teoria semiótica, a fim de descobrir que mensagens os elementos utilizados nas capas transmitiam ao leitor.

Nesta semana, o caso voltou a ocupar os noticiários nacionais. Começou o julgamento do casal. Pai e madrasta são acusados de matar a menina.

Muitas crianças morrem todos os dias e não recebem a mesma atenção que Isabella está recebendo. Anônimos protestam e visitam seu túmulo, fazem vídeos no Youtube e comunidades no Orkut em homenagem à chamada “estrelinha”.

A pergunta que não quer calar é: Alexandre e Anna Carolina Jatobá são mesmo culpados?

Ontem tivemos uma discussão aqui onde trabalho a respeito do caso. E olhei por um outro lado. Sim, eu acredito que foram os dois, pelos laudos, pela história de vida, pela falta de emoção dos dois. Mas isso não prova nada.

Defesa afirma que provas conclusivas não existem. Fico pensando, por que esse casal não confessa de uma vez? Mas, fico pensando também, se não foram eles... o júri já está envenenado. Afinal, o caso foi muito noticiado pela mídia e, querendo ou não, a mídia acabou condenando os dois antes da hora. A influência dos meios é nítida, afinal, todos souberam dos laudos pela televisão, jornais e revistas. Qual o papel do jornalismo?
Noticiar os fatos, não sugerir conclusões.

A capa de Veja da época do crime mostra bem isso:



Onde está a verdade? Nem no final do julgamento vamos saber. Até que se prove verdadeiramente que o casal é culpado ou que existiu uma terceira pessoa, ninguém, nunca saberá. O casal pode pagar pelo crime que cometeu – e não admite – ou, talvez, será preso no lugar de outro.

Saliento aqui, não sou a dona da verdade. Acredito na culpa deles. Se for provado o contrário, morderei minha língua e vou ficar muito espantada.
Mas, quem vai julgar isso é a justiça.

Talvez o jornalismo precise pulverizar melhor as atenções aos fatos.

Um comentário:

Filipe disse...

Também acho que eles são os culpados. É muita prova incriminando-os, não tem como não ser.

Posso até morder a minha língua, mas se realmente foram eles, acho que não tem perdão para um ato de tamanha brutalidade.