27 de dez. de 2010

Aprendendo a dizer não

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Não deve ser à toa que existem livros de auto-ajuda, discursos de especialistas e palestras sobre o tema. Dizer “não” nunca é fácil. Por medo de decepcionar alguém, por não querer parecer que está fugindo, para se mostrar disponível e eficiente, por medo da tempestade que podem causar, muitas pessoas preferem não dizer “não”. É difícil, mas, não é impossível.

No trabalho, na vida pessoal, no dia a dia, é preciso aprender a dizer não. Há situações em que queremos tanto pronunciar essa palavra tão curta e que parece ser fácil de ser dita. Entretanto, na hora H, quem aparece é o “sim”, o “pode ser”, o “com certeza”. O que precisamos ter em mente é que nem sempre é possível agradar a todos – e sim, às vezes, é necessário pensar em nós mesmos antes de qualquer coisa. Sem discurso egoísta por aqui, a maioria de nós quer o melhor para si, não é mesmo?

Aprender a dizer “não” é uma arte. Uma arte que precisa ser exercitada. Um “não” para algo que foi pedido em cima do prazo, um “não” para um programa que você não está a fim de fazer, um “não” para receber alguém que você não está a fim de ver. Se pararmos para pensar, quantas de nossas atitudes são tomadas somente em prol do outro, da velha máxima que dita que devemos agradar? Será que todas as coisas que você pede aos que estão ao seu redor são atendidas? Pense nisso, pois quem pede, não está nem aí para o esforço que você terá que fazer para atender ao pedido. Quer apenas aliviar seu lado.

O “não” também é necessário e faz tão bem quanto um sim. Nada pior do que fazer algo contra a sua vontade. Comece 2011 com uma meta simples: aprender a dizer “não”. Com bom senso, sempre.

20 de dez. de 2010

Oportunistas da sociedade

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Não sou contra o fato de que é preciso seguir aquela velha máxima e “ajudar o próximo”. Afinal de contas, sabemos que vivemos em um mundo capitalista onde a riqueza ainda é mal distribuída e talvez nem todos alcancem fácil aquilo que sonham. Agora, se tem algo que me tira do sério, são as pessoas oportunistas.

Exemplifico: aqueles cidadãos que vêm te pedir uma moeda depois que você sai de uma festa. Uma ajuda simbólica por terem cuidado do seu veículo – sendo que quando você chegou, o cidadão nem estava lá. Ou então aqueles que pedem dinheiro no semáforo e, quando você não dá, têm a petulância de dizer que “uma moeda não quebra ninguém, parceiro(a)”. Ora, uma moeda não enriquece ninguém também. Já vivenciei situações em que o indivíduo simplesmente começou a cobrar estacionamento por um valor absurdo em uma rua – eu disse rua, a qual, penso eu, é pública, e a cobrança de uma taxa de estacionamento não faz sentido. Afinal, paga-se IPTU e diversos outros impostos para quê?

Não nego o fato de que muitas pessoas podem não ter outra opção e acabam caindo nessa rotina de depender da boa vontade dos outros. O problema é que, misturados a essas pessoas, vivem bastantes espertinhos, que inventam histórias mirabolantes para cortar seu coração e conseguir algum dinheiro. O destino das moedas ou cédulas, depois do teatro, pode ser triste, sendo utilizadas para comprar bebidas ou drogas.

Todo mundo, uma hora ou outra, acaba ajudando essas pessoas. Se o dinheiro foi bem usado ou não, aí é outra história. O que se vê é o descaso das autoridades com essa situação. Secretarias de assistência social existem para isso e, pelo visto, muito pouco tem sido feito para reverter essa situação. Já quanto aos oportunistas de estacionamentos públicos, falta é a fiscalização e pulso firme da polícia, que, infelizmente, faz vista grossa para muitos problemas desse tipo.

15 de dez. de 2010

Escola: a educação começa em casa

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Por estar em uma família onde a mãe é professora há 20 anos ou mais e a irmã segue os mesmos passos, acabo acompanhando um pouco mais de perto a rotina dessa profissão. Há os alunos que dão orgulho, há aqueles que nem animam tanto assim, há a péssima estrutura das escolas, o dia a dia na labuta e as fofocas dos colegas de trabalho. Ser professor, com certeza, é vocação. Deveria haver algum chamado para esse tipo de profissão – já que se vê tantos por aí que nunca deveriam ter escolhido uma licenciatura como carreira profissional.

É preciso muito mais que a teoria aprendida na academia para ser capaz de ensinar aos outros. Paciência, jogo de cintura, poder de argumentação, criatividade. Quem dera que para ser professor bastasse chegar à sala de aula e despejar o conteúdo. Seria bem mais fácil. Entretanto, a arte de ensinar envolve a arte de lidar com pessoas – crianças e adolescentes. E, como todos nós sabemos, lidar com pessoas não é a tarefa mais fácil que existe – ou o mundo não seria do jeito que o conhecemos.

Por isso, fiquei abismada ao assistir alguns trechos do Profissão Repórter – exibido na terça-feira passada na Rede Globo. O tema girava em torno de professores e alunos que enfrentavam dificuldades em sala de aula. Foi mostrada a realidade de três escolas. Uma no Rio de Janeiro, na qual três professoras pediram licença médica; uma em Florianópolis, que fechou as portas depois que a diretora foi atacada com ovos e pedradas por um estudante e outra, na qual havia muitos trabalhadores em sala de aula, pois ali se ministravam aulas para adultos.

O cenário era triste, deprimente – para não dizer assustador ou completamente desanimador. Alunos matando aula na maior alegria e professores encarando salas praticamente vazias. Poucos interessados, muitos simplesmente alheios àquilo que lhes é oferecido: educação. Ninguém teve vergonha das câmeras para dizer que estava fora da sala de aula. Outro disse que desistiu porque as aulas eram muito chatas e ele não conseguia respeitar a professora.

Inversão de papeis? Afinal de contas, de quem é a culpa? A educação começa em casa. Diz a lei que é dever da família e do Estado a educação das crianças. Não se pode deixar que a escola resolva todos os problemas, ou que os professores desempenhem os papeis que são exclusivos de um pai e de uma mãe. É preciso que a família insira na mente dos jovens o poder e a importância da educação para o futuro. À escola cabe ensinar, de forma científica, os conhecimentos adquiridos no cotidiano. Mas o jovem precisa chegar lá sabendo o quanto aquilo será importante caso ele queira desempenhar bem uma profissão e garantir um bom futuro, para si e para a sociedade. Ou, então, ele acabará tendo o mesmo destino dos trabalhadores que voltaram para sala de aula, que dividem rotinas de até 10 horas de trabalho por dia e, mesmo cansados, encaram uma maratona de aulas todas as noites – eles sabem o tempo precioso que desperdiçaram quando a única preocupação que tinham era estudar.

6 de dez. de 2010

Época de planos

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Dezembro é um mês bastante nostálgico. É um mês perfeito e, ao mesmo tempo, cansativo. Perfeito porque é sinal de que as férias se aproximam (nem para todos), a estação mais alegre vem chegando e datas comemorativas são aguardadas com ansiedade. Para os pessimistas, é hora da lamentação pelos planos não realizados. Para os otimistas, é o momento ideal para pensar no próximo ano e tudo que ele reserva de bom.

Fim de ano é aquela época que a esperança surge, não se sabe bem de onde nem por que, dentro das pessoas. Planos são feitos, promessas são juradas, metas são traçadas. O cansaço de 12 meses acumula-se, mas, por outro lado, começa a surgir uma empolgação e força de vontade dentro de cada um, que faz com que todos acreditem que o próximo ano será melhor.

Essa esperança, essa nostalgia de fim de ano, tem dois lados. Para os que têm atitude, é a certeza de que o próximo ano será produtivo – e não restam dúvidas de que o que passou também foi. Para os que muito falam e pouco agem, é uma oportunidade para as desculpites (já faladas aqui). Para esses, os 12 meses que se passaram não foram suficientes para se fazer o que se planejou. Isso porque faltou tempo, surgiram imprevistos, não houve oportunidades.

Vale lembrar que nem sempre 12 meses são suficientes para se fazer tudo que se planejou. Afinal, ninguém é super-herói. Entretanto, terminar o ano sem ter feito nada daquilo que se planejou ou sem pequenos feitos não é motivo para gritar aos quatro ventos que 2011 será diferente. Será apenas mais um ano – e não terá nada demais se não tivermos atitude e corrermos atrás daquilo que queremos. Muito mais do que fazer planos, é preciso executá-los. Já disse alguém famoso por aí que mais vale tentar e errar do que nunca tentar e se arrepender de não ter tentado.

1 de dez. de 2010

Comportamentos inaceitáveis

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Parece que o bom senso e a educação estão virando itens de luxo. Daqui a alguns dias, podem até virar raridade. São comportamentos que estão ficando esquecidos no fundo das mentes das pessoas – e talvez em algumas eles nunca tenham se manifestado. Se somos 6 bilhões de pessoas no planeta, fica claro que viver em harmonia com os que estão ao nosso redor é extremamente necessário. E respeitar os limites dos outros deveria ser tarefa obrigatória.

Deveria, mas, não é. Infelizmente, parece que falta noção para alguns indivíduos. Só isso explica certos comportamentos deprimentes que vemos por aí, como som alto além da conta, buzinas em locais inapropriados e perturbação em horários inaceitáveis. Falo isso por experiência própria, já cansei de perder sono por conta de indivíduos que não têm o que fazer – a não ser, é claro, perder completamente a noção e causar incômodo aos outros. Isso sem falar da depredação de banheiros, rodoviárias, orelhões, pontos de ônibus – tudo que é público, que é do bem comum. Sem citar, ainda, o lixo no chão da praça, da rua, da escola – tudo também do bem comum.

Gostaria de saber se as mesmas pessoas que passam dos limites fazem isso em suas próprias casas. Se perturbam o sono dos pais, se jogam lixo na cozinha de casa, se estragam seu telefone. Engraçado é que ninguém para para pensar que há pessoas dormindo e que precisam trabalhar, que nem todo mundo tem dinheiro pra manter um celular e precisa de um orelhão, e que o lixo jogado hoje no chão pode trazer consequências sérias, para todos, amanhã. Não, egoísmo e egocentrismo vêm em primeiro lugar.

Realmente, a noção de viver em sociedade, o bom senso e a educação parece que estão se perdendo. Talvez por que não exista medo, e sim a certeza da impunidade, e a “sede de emoção”. Sede de emoção? Várias outras coisas causam emoção na vida – sem depredação ou extrapolação de limites. Visitar um abrigo de velhinhos, ajudar uma creche carente ou prestar um serviço voluntário também pode causar emoção. Assim como um livro e um filme. E a certeza de que se está fazendo a coisa certa. Sem incômodo, sem baixaria, sem desrespeitar limites. Parece miraculoso? Eu ainda sonho com um mundo assim.