15 de dez. de 2010

Escola: a educação começa em casa

Por estar em uma família onde a mãe é professora há 20 anos ou mais e a irmã segue os mesmos passos, acabo acompanhando um pouco mais de perto a rotina dessa profissão. Há os alunos que dão orgulho, há aqueles que nem animam tanto assim, há a péssima estrutura das escolas, o dia a dia na labuta e as fofocas dos colegas de trabalho. Ser professor, com certeza, é vocação. Deveria haver algum chamado para esse tipo de profissão – já que se vê tantos por aí que nunca deveriam ter escolhido uma licenciatura como carreira profissional.

É preciso muito mais que a teoria aprendida na academia para ser capaz de ensinar aos outros. Paciência, jogo de cintura, poder de argumentação, criatividade. Quem dera que para ser professor bastasse chegar à sala de aula e despejar o conteúdo. Seria bem mais fácil. Entretanto, a arte de ensinar envolve a arte de lidar com pessoas – crianças e adolescentes. E, como todos nós sabemos, lidar com pessoas não é a tarefa mais fácil que existe – ou o mundo não seria do jeito que o conhecemos.

Por isso, fiquei abismada ao assistir alguns trechos do Profissão Repórter – exibido na terça-feira passada na Rede Globo. O tema girava em torno de professores e alunos que enfrentavam dificuldades em sala de aula. Foi mostrada a realidade de três escolas. Uma no Rio de Janeiro, na qual três professoras pediram licença médica; uma em Florianópolis, que fechou as portas depois que a diretora foi atacada com ovos e pedradas por um estudante e outra, na qual havia muitos trabalhadores em sala de aula, pois ali se ministravam aulas para adultos.

O cenário era triste, deprimente – para não dizer assustador ou completamente desanimador. Alunos matando aula na maior alegria e professores encarando salas praticamente vazias. Poucos interessados, muitos simplesmente alheios àquilo que lhes é oferecido: educação. Ninguém teve vergonha das câmeras para dizer que estava fora da sala de aula. Outro disse que desistiu porque as aulas eram muito chatas e ele não conseguia respeitar a professora.

Inversão de papeis? Afinal de contas, de quem é a culpa? A educação começa em casa. Diz a lei que é dever da família e do Estado a educação das crianças. Não se pode deixar que a escola resolva todos os problemas, ou que os professores desempenhem os papeis que são exclusivos de um pai e de uma mãe. É preciso que a família insira na mente dos jovens o poder e a importância da educação para o futuro. À escola cabe ensinar, de forma científica, os conhecimentos adquiridos no cotidiano. Mas o jovem precisa chegar lá sabendo o quanto aquilo será importante caso ele queira desempenhar bem uma profissão e garantir um bom futuro, para si e para a sociedade. Ou, então, ele acabará tendo o mesmo destino dos trabalhadores que voltaram para sala de aula, que dividem rotinas de até 10 horas de trabalho por dia e, mesmo cansados, encaram uma maratona de aulas todas as noites – eles sabem o tempo precioso que desperdiçaram quando a única preocupação que tinham era estudar.

Um comentário:

Vanessa de Oliveira disse...
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