24 de jun. de 2010

Cotas: é melhor remediar ou prevenir as falhas na educação?

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Vou tocar hoje em um tema polêmico. O sistema de cotas para negros nas universidades, já adotado por várias instituições no país inteiro. Não só para negros, mas para estudantes de escolas públicas também. Não creio que esse sistema seja benéfico em certo ponto.

No caso dos negros, o que era para combater uma discriminação acaba gerando outra. O sistema de cotas nada mais é do que um “empurrãozinho”. O que fica subentendido que os negros não são tão capazes quanto os brancos de passar em um vestibular. Aí alguém pode me dizer: mas os negros precisam de um “empurrãozinho”, já que perdem oportunidade devido ao racismo da sociedade. É verdade, o racismo ainda é uma doença feia e que enoja. E, com certeza, há muitos negros que perderam e perderão chances na vida pelo fato de serem “diferentes”. Quem é que disse que raça existe? Ser humano não tem raças, pelo que eu sei, afinal, perante à ciência, somos dotados de cérebro e de capacidades semelhantes. E que nome feio né? Raça. Não somos animais (em certo sentido) para ter raça. Acho isso feio. Feio mesmo. E se existe raça no meio humano (fiz uma pesquisa agora no Google e não achei fontes confiáveis para comprovar ou não o que eu digo), não acho certo usar esse termo. Está aí mais uma palavra que só vai criar mais desigualdade e preconceitos entre nós.

Voltando ao sistema de cotas, penso que essa foi a saída que o governo encontrou para camuflar uma deficiência que é problema dele: a educação pública precária que temos no Brasil. Ora, é mais rápido e fácil dar um empurrãozinho para esses alunos, do que investir em uma educação melhor não é? É mais barato. E além disso, você não cria cidadãos críticos desde a infância. Deixa isso pras universidades, pra quando muitos não têm mais a mesmo tempo, a mesma vontade, o mesmo interesse e a mesma sede de mudança.

Essa discussão em torno do sistema de cotas deveria dar lugar a outro debate: a qual a importância que o governo dá para a educação atualmente? Que tipo de ensino é oferecido no Brasil, gratuitamente? Não é dos melhores, caso contrário, não haveria tantas escolas particulares, lucrando bastante por aí. Qual é o pai que não preferiria ver seu filho estudando em um colégio particular? No meu tempo de estudante, o adjetivo para o ensino particular era “forte” e para o ensino público “fraco”.

Óbvio que as escolas particulares preparam melhor os alunos para o vestibular. Óbvio que os alunos de escolas públicas saem em desvantagem na hora de concorrer com os que tiveram um ensino melhor – e souberam aproveitar. Vale lembrar aqui que há alunos brilhantes na rede pública e verdadeiras portas no ensino particular. Uma parte do sucesso – eu diria grande parte – é do aluno. Mas o aluno precisa de estrutura, precisa de professores capacitados e motivados, precisa de material didático inovador, precisa de workshops, eventos e cursos. Itens que o ensino público muitas vezes não oferece.

No final da caminhada do Ensino Médio, o que acontece? Alunos ricos vão para as federais estudar de graça. Alunos menos favorecidos financeiramente vão para as universidades particulares, financiar seus cursos, lutar por bolsas, passar trabalho. O caminho toma a rota contrária. E não deveria ser assim.

Ora, o governo, em vez de dar “empurrãozinhos”, tinha, sim, que capacitar todos de forma igual, para que tenham as mesmas condições de concorrer às desejadas vagas nas universidades federais. Deveria incentivar seus professores a se aprimorarem, dar ajuda financeira para pós-graduação, valorizar no fim do mês aquele diploma do mestrado que foi conquistado com suor.

Mas, não. A diferença de salário pago pelo governo na rede pública a um professor com mestrado e outro sem é ridícula. Que tipo de incentivo é esse? E qual o resultado disso? Professores desmotivados, sem vontade de trabalhar, parados no tempo. Uns por comodidade, outros por falta de oportunidade.

Está na hora de o governo repensar a educação no Brasil. Já passou da hora. Educação não se corrige dando empurrãozinhos. Não são as consequências que devem ser remediadas, através das cotas. É a raiz de tudo que precisa ser tratada. Prevenir é melhor que remediar. No caso do governo, a dose de cotas é mais barata do que a prevenção através da educação de qualidade.

22 de jun. de 2010

Aborrescência ou adolescência?

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A adolescência, em certo sentido, é uma fase bem complicadinha. Sob o alto das “grandes experiências” dos 14 aos 17 anos, existem dramas, alegrias, vontades... sempre no superlativo, claro. Tragédias gregas, finais felizes de filme. Somos novos demais pra sair à noite e voltar a hora que quisermos, porém, já temos idade para certas responsabilidades. Muitas vezes, enxergamos os pais como os vilões da história e, só mais tarde, veremos suas verdadeiras razões. As discussões existe – os castigos também.

É, essa confusão de sentimentos faz parte da idade. Não dá pra exigir que adolescentes simplesmente de uma hora para outra se tornem adultos. A maturidade vem com o tempo, e olhe lá – tem muitos marmanjos e marmanjas que ainda podem ser considerados infantis. Os erros da infância são perdoáveis, os erros da adolescência servem de lição e os erros da vida adulta podem talvez complicar sua vida de vez. Quanto mais idade se tem, mais responsabilidade se adquire.

Decidi fazer uma reflexão sobre os adolescentes porque tenho visto muita coisa fútil por aí no que se refere a esses seres incompreendidos – ou incompreensíveis? Suas preocupações giram em torno do próximo show do Restart, da nova matéria sobre o Justin Bieber ou do lançamento do novo filme da saga Crepúsculo. Ok, já tive meus momentos fúteis. Fui fã do Hanson, amava o Jhonny Depp e acreditava no filme Jovens Bruxas. Mas eu ajudava minha mãe em casa, preocupava-me com meus estudos e interessava-me por leitura. E isso não é falsa modéstia. Lembro que tinha meninas na minha sala que não estavam nem aí pros Backstreet Boys ou bandinha do momento. Algumas eram bem adultas por sinal.

Para constatar o que eu digo, basta dar uma passeada pelos perfis no Twitter e no Orkut dessa geração teen. Expõem-se sem escrúpulos, são ansiosos por demais, não prestam atenção no mundo ao seu redor e praticamente passam a maior parte do tempo livre na frente do computador. Vejo crianças com celular, adolescentes ganhando notebooks. Os tempos mudaram, as coisas podem ser até mais fáceis. Mas não seria interessante deixar essa galerinha sentir o gostinho de lutar por aquilo que se quer? Será que a infância não está acabando muito rápido.

21 de jun. de 2010

Um novo mercado para as empresas

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As redes sociais, febre do momento, trazem um vasto mercado de oportunidades para as empresas. A web pode ser uma grande vitrine para os produtos, onde os melhores propagandistas são eles, os consumidores.

Edição especial de aniversário da revista Época de 31 de maio traz uma matéria super completa sobre as redes sociais. Um dos destaques fala justamente sobre como as empresas podem conquistar consumidores através dessas ferramentas.

Basta dar uma navegada pelo Twitter e perceber quantas grandes empresas estão na comunidade: Avon, Arezzo, Damyller, Submarino e Saraiva são apenas algumas delas. Acredito que nenhuma empresa deve ficar de fora dessa tendência. O público é antenado, e é possível que, daqui a algum tempo, além de procurarem o site de suas marcas e produtos preferidos, as pessoas vão querer saber qual é o perfil da empresa no Twitter, para poder segui-la e, assim ficar por dentro de todas as novidades.

Utilizar a ferramenta de posts de apenas 140 caracteres virou febre. Grandes redes de lojas divulgam produtos, lançamentos, promoções. Outras, promovem ações especialmente para o Twitter, através das quais milhares de seguidores concorrem a mimos que não custam praticamente nada para a empresa, levando em conta a visibilidade que a rede traz.

Vamos tomar um exemplo. Se há uma grande liquidação em um site de vendas varejo na internet, dependendo do número de seguidores, quantas pessoas saberão através do Twitter sobre a ação, ao mesmo tempo? Seria isso possível em outro canal, com um custo tão baixo? Sabemos que comerciais em horário nobre e anúncios em revistas nacionais custam uma pequena fortuna. Comparando com o alcance do Twitter, e seu custo, vale a pena as empresas “caírem” com tudo no microblog.

Para isso, creio que é importante a contratação de um profissional da comunicação, antenado com a tendência das mídias sociais, que saiba se relacionar com o público e gerenciar crises online. Afinal, é bom lembrar que da mesma maneira que uma coisa boa propaga-se em uma velocidade espantosa na rede, o mesmo vale para a má-fama. Se o consumidor é o melhor propagandista, é preciso estar atento aos incidentes e as opiniões negativas sobre o produto/serviço. Estas também podem se espalhar na mesma velocidade e estar pronto para responder ao consumidor, com clareza e objetividade, é um grande diferencial hoje. O consumidor quer ser ouvido, quer ser bem tratado. E no mundo instantâneo das redes sociais, pega mal dar um retorno atrasado sobre algo que já aconteceu há muito tempo...

20 de jun. de 2010

Eu, o 190 e os ignorantes - mais um capítulo

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190 tem sido o número mais discado no meu celular ultimamente. Talvez eu ligue mais para a Polícia Militar do que para meu namorado e para meus pais. E não é exagero. Nos fins de semana, ligar para a Polícia já virou rotina. Sempre pelo mesmo motivo: o bando de desocupados – já falei sobre eles aqui e aqui.

Pior ainda é nos fins de semana que tenho pós. Chego da aula na sexta-feira, torcendo para que ninguém atrapalhe meu sono. Afinal, pular cedo no sábado não é fácil, com a cama te pedindo de mansinho: fica mais um pouco, fica. Os cobertores estão quentinhos, preservando o calor do seu corpo. Mas, a aula me aguarda. Eu sou daquelas que acredita cegamente que uma noite bem dormida é fundamental para manter o pique no dia seguinte. Duvida? Vá para a balada durante a semana e levante cedo no outro dia. Tem que ser guerreira. Já fiz isso. E quando bate a maldita hora pós-almoço não há olho que consiga se manter aberto.

Pois bem. O fim de semana começou agitado. Na madrugada de sexta para sábado, três indivíduos conseguiram me fazer despertar de meu sono às 3 da manhã. Gritando, escutando musiquinhas. 190 bombou.

A situação que mais me tirou do sério foi ontem. Um grupo de 15 vadios – sim, vadios, desocupados, babacas, idiotas, vagabundos, e mais quantos dos piores adjetivos você quiser adicionar aqui. Espio pela janela. O violão é acessório do grupo, junto, é claro, do cigarro e das bebidas. Sem contar o repertório abusante – metamorfose ambulante, em ritmo de funeral, como se fossem os hippies, promotores da paz (nada contra Raul Seixas). Estão mais para maconheiros, meus caros. Ô saco! Estou seriamente pensando em pedir um atestado de saúde para um psiquiatra. Ouvir o som de um violão já me deixa em estado de nervos. Problema de saúde pública e perturbação alheia! Seria trágico, se não fosse cômico. Ou o contrário?

As ligações para a PM começaram às 23:24. Aquele que me atendeu do outro lado da linha surpreendeu-se com minha reclamação. “Com essa chuva? Com esse vento?”. De meia em meia hora, aproximadamente, as ligações eram feitas. Tubarão só tem uma viatura? Primeiro, ela desviou do caminho porque se deparou com um acidente de trânsito. Depois, teve que atender uma ocorrência mais grave, um filho que tentava matar a mãe. Santo Deus! Foram umas seis ligações que se seguiram até 1 hora da manhã. Apesar de ser bastante compreensivo, o policial que me atendida dizia que, infelizmente, ainda não havia conseguido liberar uma viatura. Uma hora e meia reclamando e pedindo para que “os homens da lei” viessem resolver a bagunça. Acho que eu deveria dizer que os caras estavam com armas, atirando, ou sei lá, o que. Quem sabe o “socorro” viria mais rápido.

Por fim, o grupo de indivíduos desocupados (vadios, babacas, idiotas, vagabundos) – no qual se incluem garotas – foi embora. Sem nada sofrer, sem repreensão, achando-se os donos da rua. Daqui a alguns dias eles aparecem de novo, abalando geral. Afinal, a polícia não funciona mesmo.

Mas sabe o que dá mais raiva? É ter que ser politicamente correta. A vontade que corria em minhas veias era de sair na rua, de pijama, pegar aquele violão irritante e enfiar vocês sabem onde no de vocês sabem quem.

17 de jun. de 2010

O câncer e a vontade de viver

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Certas coisas acontecem em nosso dia e são tão simples, mas, com pouco tempo ou palavras certas conseguem nos tocar. Explico. Estive hoje no Hospital e Maternidade Socimed para fotografar o Encontro de familiares e pacientes, promovido pelo Centro de Oncologia. O objetivo era simples: pacientes com câncer, em tratamento ou já curados reúnem-se para falar sobre suas vivências. A enfermeira e a psicóloga da equipe do Centro de Oncologia conduziram o que podemos chamar de terapia em grupo. Tinha até plateia – alguns estudantes de um curso técnico de enfermagem.

Sentei lá e fiquei observando, depois, quando todos chegaram e o papo oficialmente começou, comecei a tirar algumas fotos e ouvir aqueles relatos de pessoas que eu sequer conhecia. Fiquei bastante tocada. Um senhor de 69 anos relatou sua história com muito bom humor. Passou por 105 sessões de radioterapia. E afirmou que “canceroso” morre é de fome – referindo-se à negação à comida, causada pelos enjoos, provenientes da forte medicação. Era uma piada, claro. E disse ainda que forçava a ingestão da comida; não se entregou às más sensações.

Havia cerca de 10 pessoas. Não contemplei o encontro até o fim, mas o pouco que assisti me deixou contente. Não, não estou festejando a desgraça dos outros. Afinal, ninguém quer ter um câncer – muitos não gostam nem de pronunciar a palavra em si. Porém, como eu disse no post de ontem, problemas todos têm – o que muda é a forma de encará-los. E minha afirmação se confirmou hoje.

Achei que ia sair de lá deprimida, que ia chorar, que ia ter pena. Sei lá, essas coisas que se passam na nossa cabeça quando vemos alguém doente, passando por um momento difícil. Os depoimentos que ouvi lá me proporcionaram exatamente uma sensação contrária. Havia, por exemplo, uma professora que fez quimioterapia e continuou com sua vida normalmente. Ela teve câncer de mama, e, apesar de a doença atingir somente um dos seios, preferiu tirar os dois. Hoje está feliz esteticamente, já que não gostava do tamanho do seu busto. Achava grande demais. Deixou-os como sempre quis depois do implante de silicone. Atualmente, surpreende-se com o cabelo que está nascendo, encaracoladinho – ao contrário do que era antes, liso. Já outra senhora relatou que tirou o seio e preferiu não colocar prótese – segundo ela, eles já amamentaram seus três filhos e está contente por isso. Não se assusta com o reflexo no espelho. Outra que me deu uma surpresa feliz foi uma mulher que estava de peruca e, se não tivesse falado, eu jurava que o cabelo era de verdade.

O que me admirou nessas pessoas foi o espírito de seguir em frente. Nenhuma se fez de vítima. Ao contrário, muitas vezes contaram suas experiências com bom humor e reafirmaram que a doença não mudou quase nada suas rotinas. Não sofreram efeitos colaterais da quimioterapia - exceto a queda de cabelos, já que a queda de pelos foi até comemorada – , foram ao shopping, fizeram sexo, trabalharam e viveram.

Arrisco-me a dizer que essas pessoas só se curaram porque não se colocaram na posição de vítimas. Tiveram a consciência de que só elas poderiam fazer alguma coisa para mudar sua situação e vencer a doença. Adquiriram coragem e seguiram em frente.

Por isso, acho que os piores cânceres são aqueles invisíveis, que crescem e estragam o corpo e a mente: o câncer da inveja, da mediocridade e da amargura. Esses sim, nem o remédio mais forte cura.


[Vale lembrar aqui que o encontro promovido pelo Centro de Oncologia do Socimed é aberto para qualquer ex ou atual paciente com câncer. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3621-2525.]

16 de jun. de 2010

Temporão, Prates e o sexo

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Todo mundo deve se lembrar daquela recomendação feita pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no final de abril desse ano. O ministro defendeu o sexo como arma no combate a doenças e afirmou que atividade física regular significa também fazer sexo. A recomendação de Temporão foi pauta para jornais saírem às ruas perguntando a opinião de cidadãos comuns e especialistas. Coisa comum no jornalismo não é? Uma pessoa pública dá uma declaração curiosa, polêmica ou interessante e o assunto dá pano pra manga. Normal. Uma bela pauta. Afinal, querendo ou não, sexo ainda é tabu em nossa sociedade.

Pois bem. Lembro-me que o comentário feito por Luiz Carlos Prates sobre a declaração do ministro marcou muito em minha memória. Prates não concorda com o ministro. E ainda apresenta argumentos. Subir escada, por exemplo, faz mais bem ao coração do que fazer sexo.

Sexo faz bem pra saúde, com certeza. Libera serotonina, relaxa, gasta calorias, traz felicidade. Faz bem para a saúde emocional, faz a pessoa se sentir desejada – massageia o ego. Quase todo mundo faz, quase todo mundo gosta. Só não se fala disso porque aprendemos cedo que sexo é pecado. Mas não é aqui que quero chegar.

O que mais me chamou atenção no comentário do Prates foi quando ele expôs uma afirmação de um cardiologista, que disse: quem ama não adoece. E é aí que eu chego na parte mais legal do comentário dele. Esse amor não é só pelas pessoas – é também por causas, por ideias, por ideais, pela vocação, pelo trabalho. Quem vive intensamente não dispensa tempo para pensar em problemas. Afinal, problemas todos têm. O que muda é a maneira de encará-los. Quando se faz do copo d’água uma tempestade, fica difícil amenizar os conflitos. E com conflitos tomando conta da mente, não há sexo que possa remediar, não há casal que consiga manter a chama acesa. E por quê? Porque o sexo tem a ver com a cabeça. O desejo está na mente. Frustração e sexo não combinam. Falta de dinheiro não acende paixão. Decepção no trabalho não combina com ninho de amor. E aí, o sexo não será remédio, nem solução.

Quem gosta do que faz vai sempre planejar dar o seu melhor e crescer. Quem tem alguém e aprecia a companhia desse alguém vai sempre pensar sobre o detalhe que vai agradar. Percebendo isso ou não, quando conseguimos encarar as coisas da melhor maneira possível, a vida não se torna um fardo.

Não sou Pollyana, nem beata. Não sou perfeita. É difícil não cair. Eu mesma, nessa semana estive “jururu”. Mas nada de reclamar de barriga cheia. Nós somos os responsáveis por quase tudo que acontece em nossas vidas – porque não afirmar tudo? O chefe não vai passar a mão na cabeça. O mundo não vai nos olhar como coitadinhos. Não somos vítimas.

Já disse o Prates... as pessoas estão doentes porque são infelizes: sem amor em casa, sem propósitos na vida, sem perspectivas no trabalho. Não há mente e nem corpo que aguente. Aí, a escolha passa a ser de cada um. Ou levanta-se a cabeça e corre-se atrás do melhor. Ou continua-se na existência medíocre. E sem sexo que satisfaça.

15 de jun. de 2010

Mais uma copa do mundo

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O Brasil não tem apenas um técnico de futebol e sim, uns 170 milhões de técnicos. Ou, que pensam ser técnicos. Gostando os brasileiros ou não, o técnico da seleção, atualmente, é o Dunga.

Não quero fazer daqui um espaço pró-Dunga. Mas olha que é difícil né? Sei lá, minha gente. Primeiro foi a pré e a pós-convocação. Muitos palpites dizendo que ele deveria ter levado fulano ou ciclano. Deve ter tido até aqueles mais fanáticos que acharam uma injustiça não levar o moleque do bairro – que, segundo eles, bate um bolão. Já disse alguém por aí que se Dunga fizesse a vontade de todos, mais ou menos uns três aviões teriam levado jogadores à África do Sul. Óbvio que iria agradar a alguns e desagradar a outros. Mas a decisão é dele. Não vou julgar se errou ou não, até porque minha especialidade não é futebol. Porém, acredito que a escolha é dele. Morram de inveja ou não, o técnico é ele e poder é dele. Bah, até de burro ele foi taxado. Putz, pesadinho não? Sei lá!

Aí hoje todo mundo deixa seu trabalho, veste a camisa e grita Brasil! Uhull! Nossa estreia na Copa. Eita, quase que eu morri do coração, minha gente! Assim como muitos por aí, eu esperava uma goleada. Não deu. 2 x 1. Ganhamos e o time poderia ter jogado melhor no primeiro tempo, não? Mas, está feito. Tem muito jogo vindo por aí.

E durante e após o jogo, indignação. “Não jogaram nada” ou “Estão comemorando o que?”. Ai, sei lá, deve ser porque estou de TPM, mas olha... deu. Ficar dizendo que ele deveria ter feito isso ou aquilo não resolve. Dunga ficou entre um dos 10 assuntos mais comentados do Twitter. E, além do desempenho da sua seleção, seu visual virou motivo de conversa. Aff!

Sabe por que isso tudo me irrita? Porque nós, brasileiros, só mostramos nosso amor à pátria nessas horas. Daqui a alguns meses tem eleição e daí, como vai ser? Cadê a consciência na hora de escolher o candidato? Cadê a coragem pra bater no peito e sair às ruas? Espero que o Twitter tenha a mesma força durante as eleições para mostrar que nós não somos burros e estamos de olhos bem abertos. Protegidos pela tela, seguidos por alguns, talvez tenhamos a sensação de estar com a boca no trombone. Será? Que efeito essa mídia tão poderosa terá? Veremos.

No mais, vamos torcer pro Brasil. Se der, deu. Se não deu, paciência. Eu vou ficar bem triste. Vou sofrer a cada jogo, quase morrer do coração, dar gritos de alegria e indignação, xingar. Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

Mas nós não somos os mais especiais do mundo, somos?

[Ah, quer saber? Sei lá. Esquece. Não tô com cabeça pra isso hoje.]

14 de jun. de 2010

Eu, o 190 e os ignorantes

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Eu acho que eu faço mau uso desse espaço para extravasar. Só que tem uma coisa que me incomoda há muito tempo e que não tenho pra quem reclamar. Então, vou expor aqui, para, pelo menos, colocar para fora, como dizem por aí.

Se tem uma coisa que me causa indignação é a falta de bom senso das pessoas. E isso já virou doença crônica. Alguém aí sabe onde tem remédio pra isso? Quero comprar um estoque pra distribuir. Ah! Serve genérico também. Tudo que faça as pessoas enxergarem, só um pouquinho, o espaço e as outras pessoas ao redor.

Por que falo isso? Porque os números 1-9-0 já estão gastos no meu celular. Porque os policiais devem pensar: aquela chata de novo. Porque eu não sei mais o que fazer para que um bando de desocupados procure o que fazer!

Explico a minha raiva. Neste fim de semana, mais precisamente, sexta-feira, sábado e domingo eu não pude dormir sem antes cumprir o ritual 1-9-0.
O diálogo é sempre o mesmo:
PM: Polícia Militar, qual a sua emergência?
EU: Tem um pessoal aqui perto da minha casa tocando violão, eles estão achando que é a casa da mãe Joana. Eu quero dormir.

PM: Polícia Militar, qual a sua emergência?
EU: Tem um pessoal aqui perto da minha casa com som ligado. Eu quero dormir.

PM: Polícia Militar, qual a sua emergência?
EU: Tem um pessoal aqui perto da minha casa gritando, andando de skate e fazendo baderna. Eu quero dormir.

Todos esses diálogos se passam relativamente tarde. Sábado, 2 da manhã, tinha um bando de desocupados tocando violão. A minha vontade, já disse aqui, é sair na rua e mandar todos eles pr’aquele lugar que todos sabem onde.

Aí eu ligo pra polícia, e eles dizem que pedem pro pessoal ir embora, mas que depois eles voltam. Aí eu digo: ta na hora de falar grosso com essa gente, né meu senhor?
Aí o nobre senhor diz que pra lei funcionar eu tenho que sair da minha casa de madrugada com um bando de delinquentes pra abrir um BO para, assim, acontecer alguma coisa. Eu digo o que vai acontecer caso eu faça isso: no mínimo, um prédio depredado, ou o carro do vizinho quebrado, pra falar por baixo.

Ou você que me lê acha que alguém que toca violão de madrugada, perto da casa dos outros, tem noção de alguma coisa? Não, essas pessoas sofrem de uma doença séria: intolerância ao bom senso. Simplesmente não conseguem agir com um mínimo de dignidade ou respeito. É muito pra elas. A ignorância já tomou conta de seus cérebros, o que as impede de saber que, pessoas que trabalham as 8 da manhã precisam estar dormindo às 2 da manhã, e que o som de um violão – mal tocado – atrapalha o sono.

Sabe o que essas pessoas são? Desocupadas, mal-educadas e ignorantes!

E a polícia? Ah, a polícia! Será que tenho que ensinar os PM’s o que fazer com esse bando de vadios? Bota na parede, pede documento e liga pros pais dessa gente. Não quero saber se é menor ou maior. Se é menor, é responsabilidade dos pais. E se é maior, também é. Se o filho não tem educação ou bom senso, que os responsáveis fiquem sabendo e façam alguma coisa. Ou então deem o endereço pra mim, que eu vou tocar violão embaixo da janela deles.

E a polícia? Bom, uma rua que pede viaturas quase todas as noites merece mais segurança, não acham? Intimidem os delinquentes, policiais, mostrem quem manda. Assim, eles vão embora, com o rabo entre as pernas, de preferência.

5 de jun. de 2010

Aprenda a chamar a polícia

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Reproduzo aqui um texto que veio muito a calhar no dia de hoje, sendo ou não de autoria do Veríssimo, já que a origem dessas crônicas na net é suspeita.

Considero minha residência um bom lugar. Bem localizadA, espaçosa na medida do possível, fresquinha. Enfim, my home, sweet home.

Entretanto, eu não costumo ser uma conformista, que tenta se adaptar ao que está errado em vez de indignar-se. Não. Eu sou uma eterna indignada com aquilo que me incomoda e que tem fundamento. Por exemplo? O bando de desocupados que insiste em não deixar eu dormir algumas noites, como essa que passou. Mesmo ontem, com chuva e frio, a poucos metros daqui, havia um bando de desocupados e vadios tocando Patience do Gun's como se eles fossem as únicas criaturas da face da terra. Simplesmente ignoram o fato de que existem pessoas que precisam estudar e trabalhar, e, para tanto, necessitam de uma noite tranquila. Simplesmente não possuem noção de respeito. Não é nem mais questão de falta de respeito e, sim, falta de noção. Por causa disso, eu não consigo mais escutar um toque de violão sem que isso me cause calafrios.

Daí eu ligo pra polícia e tenho que ensinar eles a mandar essa gente embora. "A gente vai pedir pra eles saírem, mas se eles não forem, não podemos fazer nada". Como é que é? Poupe-me. Dá uma enxada pra essa gente trabalhar que eu duvido que eles vão voltar a tocar violão e fazer bagunça sem se preocupar se estão incomodando os outros.

Bando de desocupados! Como eu queria sair na rua e perguntar pra eles: VOCÊS NÃO TEM O QUE FAZER? EU QUERO DORMIR!

Infelizmente, não posso fazer isso, porque no Brasil eu não conto com segurança o suficiente pra garantir que o mesmo bando de desocupados não vai me marcar e depredar o meu prédio.

Assim, eu conto com a boa vontade da polícia, que muitas vezes me atende de maneira grosseira ou tenta me enrolar ou não sabe dar uma dura nesses caras.

Aprenda a chamar a polícia - Luiz Fernando VeríssimO

Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.

Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranqüilamente.

Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.
Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:


-Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo..

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado.
Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:

- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível.