16 de jun. de 2010

Temporão, Prates e o sexo

Todo mundo deve se lembrar daquela recomendação feita pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no final de abril desse ano. O ministro defendeu o sexo como arma no combate a doenças e afirmou que atividade física regular significa também fazer sexo. A recomendação de Temporão foi pauta para jornais saírem às ruas perguntando a opinião de cidadãos comuns e especialistas. Coisa comum no jornalismo não é? Uma pessoa pública dá uma declaração curiosa, polêmica ou interessante e o assunto dá pano pra manga. Normal. Uma bela pauta. Afinal, querendo ou não, sexo ainda é tabu em nossa sociedade.

Pois bem. Lembro-me que o comentário feito por Luiz Carlos Prates sobre a declaração do ministro marcou muito em minha memória. Prates não concorda com o ministro. E ainda apresenta argumentos. Subir escada, por exemplo, faz mais bem ao coração do que fazer sexo.

Sexo faz bem pra saúde, com certeza. Libera serotonina, relaxa, gasta calorias, traz felicidade. Faz bem para a saúde emocional, faz a pessoa se sentir desejada – massageia o ego. Quase todo mundo faz, quase todo mundo gosta. Só não se fala disso porque aprendemos cedo que sexo é pecado. Mas não é aqui que quero chegar.

O que mais me chamou atenção no comentário do Prates foi quando ele expôs uma afirmação de um cardiologista, que disse: quem ama não adoece. E é aí que eu chego na parte mais legal do comentário dele. Esse amor não é só pelas pessoas – é também por causas, por ideias, por ideais, pela vocação, pelo trabalho. Quem vive intensamente não dispensa tempo para pensar em problemas. Afinal, problemas todos têm. O que muda é a maneira de encará-los. Quando se faz do copo d’água uma tempestade, fica difícil amenizar os conflitos. E com conflitos tomando conta da mente, não há sexo que possa remediar, não há casal que consiga manter a chama acesa. E por quê? Porque o sexo tem a ver com a cabeça. O desejo está na mente. Frustração e sexo não combinam. Falta de dinheiro não acende paixão. Decepção no trabalho não combina com ninho de amor. E aí, o sexo não será remédio, nem solução.

Quem gosta do que faz vai sempre planejar dar o seu melhor e crescer. Quem tem alguém e aprecia a companhia desse alguém vai sempre pensar sobre o detalhe que vai agradar. Percebendo isso ou não, quando conseguimos encarar as coisas da melhor maneira possível, a vida não se torna um fardo.

Não sou Pollyana, nem beata. Não sou perfeita. É difícil não cair. Eu mesma, nessa semana estive “jururu”. Mas nada de reclamar de barriga cheia. Nós somos os responsáveis por quase tudo que acontece em nossas vidas – porque não afirmar tudo? O chefe não vai passar a mão na cabeça. O mundo não vai nos olhar como coitadinhos. Não somos vítimas.

Já disse o Prates... as pessoas estão doentes porque são infelizes: sem amor em casa, sem propósitos na vida, sem perspectivas no trabalho. Não há mente e nem corpo que aguente. Aí, a escolha passa a ser de cada um. Ou levanta-se a cabeça e corre-se atrás do melhor. Ou continua-se na existência medíocre. E sem sexo que satisfaça.

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