5 de jun. de 2010

Aprenda a chamar a polícia

Reproduzo aqui um texto que veio muito a calhar no dia de hoje, sendo ou não de autoria do Veríssimo, já que a origem dessas crônicas na net é suspeita.

Considero minha residência um bom lugar. Bem localizadA, espaçosa na medida do possível, fresquinha. Enfim, my home, sweet home.

Entretanto, eu não costumo ser uma conformista, que tenta se adaptar ao que está errado em vez de indignar-se. Não. Eu sou uma eterna indignada com aquilo que me incomoda e que tem fundamento. Por exemplo? O bando de desocupados que insiste em não deixar eu dormir algumas noites, como essa que passou. Mesmo ontem, com chuva e frio, a poucos metros daqui, havia um bando de desocupados e vadios tocando Patience do Gun's como se eles fossem as únicas criaturas da face da terra. Simplesmente ignoram o fato de que existem pessoas que precisam estudar e trabalhar, e, para tanto, necessitam de uma noite tranquila. Simplesmente não possuem noção de respeito. Não é nem mais questão de falta de respeito e, sim, falta de noção. Por causa disso, eu não consigo mais escutar um toque de violão sem que isso me cause calafrios.

Daí eu ligo pra polícia e tenho que ensinar eles a mandar essa gente embora. "A gente vai pedir pra eles saírem, mas se eles não forem, não podemos fazer nada". Como é que é? Poupe-me. Dá uma enxada pra essa gente trabalhar que eu duvido que eles vão voltar a tocar violão e fazer bagunça sem se preocupar se estão incomodando os outros.

Bando de desocupados! Como eu queria sair na rua e perguntar pra eles: VOCÊS NÃO TEM O QUE FAZER? EU QUERO DORMIR!

Infelizmente, não posso fazer isso, porque no Brasil eu não conto com segurança o suficiente pra garantir que o mesmo bando de desocupados não vai me marcar e depredar o meu prédio.

Assim, eu conto com a boa vontade da polícia, que muitas vezes me atende de maneira grosseira ou tenta me enrolar ou não sabe dar uma dura nesses caras.

Aprenda a chamar a polícia - Luiz Fernando VeríssimO

Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.

Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranqüilamente.

Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.
Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:


-Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo..

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado.
Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:

- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível.

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