24 de mai. de 2010

Aborto: uma questão delicada

Semana passada fiquei chocada com o que foi noticiado. De cada grupo de 100 brasileiras, 15 já fizeram pelo menos um aborto. Isso fora aquelas que escondem o feito por vergonha, medo ou arrependimento.

A primeira pesquisa nacional sobre o aborto ouviu 2.002 mulheres das capitais, todas elas alfabetizadas e com idades entre 18 e 39 anos. Todas alfabetizadas, repito.
O mais surpreendente: entre 35 e 39 anos, de cada cinco mulheres, uma já fez um aborto.

E aí eu me pergunto: qual a solução? Legalização? Pra mim, não. Vale lembrar que o aborto é direito garantido por lei para mulheres estupradas ou quando a gestação traz algum risco para a mulher. Acredito que deveria entrar outro caso aqui: quando o bebê é anencéfalo (ou seja, não tem cérebro).

Pois bem, e aí, como seria se a lei permitisse o aborto? Mulheres não correriam riscos de morrer ao ingerir Citotec nem de contrair uma infecção generalizada por terem procurado clínicas clandestinas. Muitas vidas seriam salvas. Mas muitas vidas seriam perdidas.

Não estou aqui para julgar quem fez aborto. Não sou mãe, nunca engravidei. Posso imaginar o que se passa na cabeça de uma mulher que comete esse ato. Muitas dúvidas, medo de não ter condições, medo da reação do companheiro, da família, vaidade, desejo de crescer na profissão. Sabemos que, mesmo que o pai apoie, na maioria das vezes, é a mãe quem abre mão de mais coisas para cuidar do bebê. Ela que carrega o feto por nove meses, que precisa amamentar, etc.

Porém, acho que a pesquisa deve trazer às autoridades uma reflexão: não seria o momento de reforçar a educação sexual,o incentivo aos métodos anticoncepcionais e ao planejamento familiar? Por que não distribuir todos os métodos disponíveis gratuitamente? E cabe mais uma reflexão: será que a legalização do aborto não deixaria os casais mais despreocupados com a proteção? Aqui entra um outro alerta: o risco das DST’s, principalmente a AIDS.

Antes de pensar em legalização do aborto, é necessário refletir sobre que consequências isso pode trazer à sociedade e oferecer políticas públicas que evitem esse ato radical.

Afinal, muitas dessas mulheres carregarão uma ferida incurável pelo resto da vida: a culpa.


Nenhum comentário: