4 de mai. de 2010

Eu gosto de Paulo Coelho. E daí?

Acho que o título já resume muita explicação. Conheci Paulo Coelho quando li “Veronika decide morrer” – que virou filme e eu ainda não assisti, inclusive. Eu acho que ainda estava no antigo Ginásio, na escola. A partir daí, peguei gosto pelas suas obras. Minhas preferidas são “O Zahir” e “Onze minutos”.

Paulo Coelho é uma figura que não agrada a todos. Você vai encontrar fãs fanáticos ou aqueles indivíduos que morrem de ódio. O problema é que tem gente que odeia sem, sequer, ter lido alguma obra. Ora, como você vai criticar algo que não conhece? Direito de gostar e desgostar todos têm. Mas acho que não é inteligente dar pitaco naquilo que você não conhece.



Pois bem, que ele é amado e odiado eu já sabia. Agora que existem pessoas que têm vergonha de ler, essa era inédita. Semana passada, o autor postou em seu Twitter: “Pesquisa editorial: 73,01% de pessoas que nunca me leram explicam "tem medo do q amigos vão pensar" (OMG!). Como assim?

Isso prova o quanto a nossa sociedade está mergulhada na cultura “eu me importo com que os outros pensam”. Quem não se importa, não é verdade? Quem nunca pensou: será que essa roupa não vai chamar atenção? Será que essa cor de cabelo não está brega? Será que se eu dançar desse jeito não vão me achar vulgar? Não sou do tipo que faz tudo que vem à cabeça. Acho que todos nós temos filtros, ou então, não iríamos viver sequer um segundo em paz. Afinal, a sociedade não perdoa. Nada.

Mas levar isso para o hábito da leitura? Ora, não vou ler Paulo Coelho porque tenho medo do que meus amigos vão pensar? Não, minha gente. Acho que as coisas não funcionam assim.

Não acho que todos os livros de Paulo Coelho sejam bons. O último, por exemplo. “O vencedor está só”, não me agradou. Mas acho que outras obras suas trouxeram mensagens fantásticas. “A bruxa de Portobello” fala sobre preconceito, “Onze minutos” trata do lado sagrado do sexo, “O demônio e a Srta Prym” é fantástico ao abordar a ganância. “O diário de um mago” despertou uma vontade de fazer o Caminho de Santiago. Claro, esta é minha opinião. Deve existir alguém que acha que essas histórias são um lixo. Mas, primeiro, leia. Depois, critique.

Até a biografia do autor, escrita por Fernando Morais – “O Mago” – não pode ser lida em público. Após publicar a pesquisa no Twitter, um dos seguidores relatou ao autor que conhece uma mulher que levava a biografia para ler envolta na capa de outro livro. “O Mago” é um trabalho maravilhoso e corajoso de um jornalista que fez algo que não é comum: biografar alguém que ainda vive. Com certeza foi um trabalho árduo, de muita pesquisa e escolha de palavras. Um dos melhores livros que já li.

Ora, até ler sobre Paulo Coelho é errado? Como se estivéssemos no tempo da inquisição ou da ditadura. Às vezes é bom parar e refletir sobre até que ponto a cultura do “o que os outros vão pensar” está mexendo com a sua vida – e com os livros que você quer ou não quer ler. Afinal, tem aqueles que leem Dan Brown só porque está na moda, não?

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