14 de set. de 2009

Chega de catástrofes

Santa Catarina passou de novo por maus bocados. É impossível não sentir um nó na garganta ao ver os moradores de Guaraciaba, no oeste do estado, relatando o horror que tornados trouxeram para a cidade. É estranho, é desesperador você conferir as imagens e ver que não sobrou nada. Nada. Casas totalmente destruidas, bichos voando, pessoas que perderam tudo. Um tudo que podia ser pouco virou nada.

Não bastasse esses ventos de mais de 100 km por hora, lá veio ela, sempre poderosa, sem hora para aparecer nem hora para ir embora. A chuva.
Choveu em 4 dias o esperado pra um mês no sul do estado. Dias ficaram cinzas. O sol fez falta. Não pela roupa que se acumulava esperando pra ser lavada. Não pelo barro que se juntava. Não pelo incoveniente de ter que sair de guarda-chuva, chegar em casa molhada, aturar motoristas apressadinhos no trânsito louco.
Não só por isso o sol fez falta. O sol traz alegria. Quase viramos sapos e eu quase fiquei deprimida. Sol alegra, traz vitaminas, seca a roupa e abre as pétalas das flores que estão perto da minha janela.

Se o sol tivesse aparecido antes, a BR-101 não teria sido interditada, o caminho não seria cortado. BR? Estradas? Isso não é nada.

Se o sol tivesse aparecido antes e mandado essa chuva chata embora, muitas famílias permaneceriam em suas casas em Araranguá, uma senhora de 68 anos não teria sido carregada pela correnteza em Praia Grande (vindo a falecer depois), comunidades não ficariam isoladas.

Dói. Dói o coração e a alma ver aquelas pessoas humildes carregando móveis, deixando as casas, contando histórias antigas de enchentes, perceber em seus olhos que elas podem não mais voltar para aquilo que antes das cheias era um lar.

Eu já vivi isso. Eu já acordei no meio da noite e vi meu pai carregando a máquina de lavar, quando a água já estava ali, na área de serviço. Eu já vi minha casa toda pra cima, eu já tive que dormir em vizinhos, esperando a água baixar. Eu já senti o medo, de criança, de não ter mais minhas bonecas, de não ter o meu quarto, a minha casa, o meu lar. Graças a Deus não perdemos nada, a água entrou, saiu, sujou, mas, limpamos tudo.

É dramático. Uma, duas vezes, é triste. Fico imaginando essa cena tornando-se rotina, como acontece com muitas famílias. Pergunto-me, até quando vai ser assim?

Será castigo da natureza?

Nenhum comentário: