9 de set. de 2009

A inferioridade da mulher em Caminho das Índias

Como a maioria dos brasileiros, adoro uma novela. Gosto dos seriados americanos também, mas pouco assisto. O único que acompanhei (e um dia ainda baixo tudo na internet) foi Dawson’s Creek. Apenas ouço falar de Lost, Friends, CSI, etc, etc, etc. Gostava de Angel, que chegou a ser exibido na Rede Globo. Acho que tenho uma vaga lembrança de Barrados no Baile também. Porém, como a minha TV é aberta mesmo, preciso me contentar com a programação daqui. Há programas bem ruins, é verdade, mas, agora, isso não vem ao caso.

Desde que me entendo por gente, a novela – da Globo - que sempre acompanhei foi a das 8 – esse nome é de convenção. Há muitos anos luz, a novela começava às 20h30min. Isso faz muito tempo. Do tempo em que eu tinha que ir pra cama nesse horário e escapava pra espiar a novela. Hoje, a novela é exibida às 21 horas. Sempre me pergunto por que não mudam o nome para novela das 9. Talvez porque a gente só se depare com essa contradição de horários quando começam aparecer as chamadas: “Dia 14 estreia a nova novela das 8. De Manoel Carlos, Viver a Vida” (informação verídica e não-fictícia ok?).

Nesta semana, uma boa parte dos brasileiros está vidrado na tela da Globo às 21 horas. Caminho das Índias, atual novela, está em sua última semana. Mesmo que o final já esteja rolando por aí na internet e que todos já estejam esperando por aquele mesmo desfecho em que tudo dá certo, é impossível, para quem acompanha, não assistir os últimos capítulos. Recheados de emoção, diga-se de passagem.

Apesar de alguns episódios que “só acontecem em novela”, como a morte forjada de Raul e a morte não constatada de Raj, a autora Glória Perez sempre consegue encantar o público com suas histórias. Geralmente, misturando culturas, mostrando costumes diferentes. Foi assim em “Explode coração” (lembra da Dara?), “América” (a mocinha que sonhava em ir para os EUA), “O clone”. Amores proibidos não faltaram, como o de Dara com o cigano Igor, de Jade com Lucas. E de Maya com Bahuan, no atual folhetim (que ao que tudo indica, continuará proibido. Não deu química. Disse a autora que não foi por isso que os dois não ficaram juntos. Ela resolveu mostrar o amor sendo construído, no casamento arranjado. Bom, isso não vem ao caso agora).

Quem não se viu falando “Are baba!” nos últimos 9 meses? Clichê ou não, o vocabulário, as vestes e a música indiana penetraram no dia-a-dia brasileiro. Alguns de seus costumes são realmente exemplares. O respeito aos mais velhos deveria ser seguido aqui no Brasil, onde muitos idosos estão jogados em asilos. Já outros costumes são, com o perdão da palavra, desprezíveis.

Não pude acompanhar o capítulo de ontem, porém, ao ler o resumo (sim!) na página da novela, percebi que muitas emoções tomariam conta da mais de uma hora de exibição da história que uniu o Ocidente e o Oriente. Pra quem está ligado, Raj é dado como morto e Maya, então viúva, passa por um ritual (se você perder a novela, não precisa ser assinante da Globo.com. Basta acessar o Youtube, como eu. Prático!). Ao ler isso na página, fiquei curiosa. Como seria esse ritual?




Decidi pesquisar mais no Google e descobri algumas coisas que me deixaram realmente chocadas. Ao tornar-se viúva, a vida acaba para a mulher indiana. Há pouco tempo atrás, ela era queimada junto com o marido. A viúva não se enfeita mais, não usa maquiagem, nem roupas coloridas. Ela vira uma “coisa”: a mulher não é nada sem o seu marido ao lado. Tudo isso que li na internet foi muito bem exposto por Glória no capítulo de ontem, quando os personagens, aos poucos, acabaram explicando essas tradições indianas.

Quem decidiu que a mulher é inferior? Por que ela não pode reconstruir sua vida na Índia ao ficar viúva? Por que a mulher não pode sentir prazer na África (leia-se circuncisão)?

Há quem critique novelas. Eu gosto. Talvez eu nunca ficasse sabendo dessa tradição egoísta da Índia se não fosse o folhetim.
Falta tanto tempo pra gente estudar e saber tudo que quer!

Cada um com seus gostos. E as novelas brasileiras tem teor de qualidade e interesse. Prova disso é sua exibição em vários países.

O que esperar da próxima? Manoel Carlos, sua sempre Helena, personagens ricos e conflitos familiares, amorosos. Se sua história seguir o mesmo caminho de "Laços de família" e "Páginas da vida", vem mais um sucessão por aí.

[Ele não ia parar de escrever?]

2 comentários:

Filipe disse...

E dizem que a Índia é praticamente um país de primeiro mundo, mas como se faz da mulher uma submissa? tsc tsc

Unknown disse...

Confesso que não vi nenhum capítulo inteiro dessa novela,não gosto mesmo,acho que tem muitos clichês.Enfim,é gosto pessoal.
Tradições bárbaras fazem parte de qualquer cultura "primitiva".Duvido que isso aconteça com todas as viúvas indianas.É um costume que esta fadado a sumir.No Brasil mesmo uma viúva não poderia casar sem sofrer a repulsa da sociedade.
Conforme o nível de vida da população vi subindo esses costumes vão desaparecendo.