18 de out. de 2010

O aborto e o processo eleitoral

Está na capa da revista Época da semana passada. Deus entrou na eleição. Na reta final do processo democrático que vai escolher o próximo presidente do Brasil, o assunto que vem norteando os debates e discursos de Dilma Roussef e José Serra são temas ligados a Deus e a crenças e valores instituídos por diversas religiões.

Os pontos mais polêmicos são, de longe, a questão da descriminalização do aborto e do casamento entre homossexuais. As correntes a favor e contra lançam seus argumentos. No caso da igreja, líderes convencem fieis a votar em tal candidato conforme sua opinião em torno desses temas, abominados por mais de uma religião. Dilma e Serra tentam nadar conforme a corrente. Como vão tratar esses assuntos se forem eleitos? Só esperando para ver. Quem garante que manterão o discurso atual?

Mas, afinal de contas, tratando-se da descriminalização do aborto, qual a principal questão? Não estou aqui para julgar ninguém, aliás, não tenho opinião formada. Só tenho a mesma opinião sobre a maior parte das questões no Brasil: tratam-se as consequências e não as causas.

Ora, muitos dizem que a descriminalização do aborto não vai banalizar o ato. Será? Quem garante? O aborto já é garantido por lei em casos de estupro e riscos à mãe. Fora desses casos, o que mais a legalização significaria? Opção. Para muitas pessoas mais instruídas pode ser que não. Mas para quem não tem informação, pode ser que sim. É difícil prever. Porém, é arriscado legalizar um ato polêmico como esse. Não há unanimidade sobre o tema.

Da mesma maneira que as máquinas de camisinha e as cotas para negros remediam consequências, a legalização do aborto não seria também um tipo desse remédio? Creio que investir em políticas públicas para conscientização sobre o uso de métodos anticoncepcionais e, acima de tudo, em educação de qualidade seria mais adequado, pois as causas estariam sendo tratadas. Afinal, mesmo que uma mulher faça um aborto seguro, as sequelas psicológicas sempre ficam. E, nos casos extremos (estupro e riscos à saúde), o direito ao aborto estaria garantido. Será que a sociedade está preparada para ter o aborto como opção?

Um comentário:

Mundo da Lili disse...

Que arraso o blog hein? Já estou seguindo..
Bjão flor e sucesso! =)