25 de out. de 2010

Quais os seus valores?

“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão, balé”. Esses versos de Arnaldo Antunes mostram que as necessidades primárias da sociedade atual não são as únicas que o homem tende a suprir no dia a dia. É claro que felicidade, para muitos, ainda significa ter comida para saciar a fome e um abrigo para onde voltar ao final do dia. Mas também foram criadas novas necessidades ao longo da história da humanidade e os parâmetros atuais que definem o que é sucesso e felicidade mudaram, pois o ser humano buscou formas de melhorar sua vida sobre o planeta. E surgiu a política, a moda, a escola, a ciência, a indústria. E houve a formação de valores que regem comportamentos. Evoluímos. Estar de acordo com os parâmetros ditados, porém, com certeza, está cada vez mais difícil.

Por exemplo, quem não quer ter mais dinheiro? As tentações são muitas. O carro do ano, a casa própria, a balada da moda, a roupa do momento, a viagem dos sonhos. Para muitos, a satisfação das necessidades que são criadas pela sociedade pautada no consumo é o objetivo de vida. Todo o dinheiro do mundo não seria suficiente. Todos os dias, os indivíduos são levados a acreditar que precisam ter ao seu dispor, para continuarem vivos, o iPhone, o iPad, o BlackBerry, o GPS, o Kindle. Tecnologias “indispensáveis” para desempenhar, com sucesso, o papel social e serem vistos como pessoas realmente importantes. A mídia aponta novas necessidades, incute desejos nos mais diferentes públicos. Até que ponto as vidas são norteadas por isso? Para o sucesso profissional, não é suficiente concluir uma graduação. É preciso especialização, mestrado, doutorado, PhD, MBA, ser poliglota, alcançar cargos no alto escalão, viajar o mundo a negócios. Mas você já parou para pensar no que realmente deseja para sua vida? Naquilo que, de verdade, é importante e do qual você não abre mão de conquistar?

É verdade que a tecnologia traz conforto, mas as pessoas poderiam, em primeiro lugar, contentar-se com o nascer do sol. Veja bem, não tenho nada contra todos os itens listados acima. Eu mesma desejo conquistar muitas coisas em minha vida. O problema é que há muitas pessoas que vivem apenas para alimentar as expectativas do mundo que cria novas necessidades só para manter o “atual” padrão, ou seja, apenas por aparência, sem dar atenção para aquilo que, no fundo, realmente importa para elas.

Afinal, o que é essencial na sua vida? Falar inglês e espanhol? Cursar um mestrado? Ter um iPad? Usar a última moda? Ter sua casa própria? Seja qual for o seu objetivo, meta ou sonho, corra atrás dele quando ele for verdadeiro – nunca para manter aparências. Pense: até que ponto suas cobranças valem a pena? Se é para satisfazer os outros, melhor ficar com o velho celular. O que importa é o que te faz feliz, é seguir os seus valores e suas convicções. Não norteie sua vida em primeiro por valores monetários. Os valores humanos devem ser priorizados, pois o valor que se dá ao nascer do sol, todos os dias, faz com que tenhamos consciência da perenidade da vida. E, é claro que a gente não quer só comida.

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