7 de jul. de 2010

A falta de escrúpulos do jornalismo (?) de celebridades

Nas últimas semanas, um dos assuntos mais comentados no Twitter, além da Copa do Mundo, Cala Boca Galvão e Dunga Burro, foi a apresentadora Ana Maria Braga. Pelo que sei, até seu corte de cabelo tem mantido a loira na boca virtual do povo. Porém, o caso mais sério aconteceu há pouco mais de 10 dias, quando a apresentadora da Rede Globo utilizou o espaço do seu matinal Mais Você para fazer um desabafo.

A revista Quem afirmou em uma reportagem, que teve destaque de capa, que o pivô da separação conjugal de Ana Maria foi o seu par na Dança dos Famosos. Uma fonte teria dito a "Quem" que os dois "já ficaram, mas nunca assumiriam.

A apresentadora ficou perplexa com a reportagem e afirmou em rede nacional que não foi tratada com respeito pelo veículo. E ainda informou que entrou com uma ação civil de reparação de danos morais contra a revista e uma ação criminal por difamação e injúria contra as jornalistas que assinam a matéria e seus editores responsáveis.

Quando soube disso, lembrei do seriado “A vida alheia”, exibido pela Globo nas quintas-feiras à noite. A vida imita a arte ou a arte imita a vida?

Acompanho a série algumas vezes e em muitas delas me espantei com a falta de escrúpulos dos jornalistas da equipe da revista – voltada ao mundo das celebridades. O clamor por uma capa impactante, a busca incessante por um escândalo, a falta de preocupação com os tantos processos que se acumulam contra a publicação e a inexistência de bom senso. O mais interessante – ou óbvio? – é que, na série, quanto maior o escândalo, maior a probabilidade de a edição esgotar-se nas bancas.

Será que esses profissionais, que invadem a vida das celebridades – fixas ou instantâneas – têm esse direito? Tornar públicas as fraquezas e as intimidades das pessoas é correto? Até onde vai a linha do limite entre o permitido e o abusivo? Ser uma pessoa pública pressupõe que você estará constantemente sobre holofotes e especulações. Porém, a vida dessas pessoas torna-se um livro aberto, onde todos parecem poder meter o bedelho. E tudo tem limite.

Lembro-me de um episódio em que, claramente, a arte imitou a realidade ao mostrar um jogador de futebol envolvido com um travesti. Quem não se lembra do caso do Ronaldo Fenômeno?

E outra: de onde vem essa curiosidade, essa sede pela desgraça alheia ou por simplesmente saber tudo sobre a vida dos outros? Isso não é só com os famosos. Fofocas na escola espalham-se em velocidade absurda, babados do mundo corporativo são repassados rapidamente. Será que esses fatos têm a ver com nossas vidas? Qual o nosso real envolvimento com os acontecimentos na vida das celebridades e dos anônimos?

É bom lembrar que as revistas só existem porque há quem as consuma. Talvez o mercado editorial tenha criado uma demanda, quando colocou esse tipo de publicação no mercado. Porém, o que seria do palhaço sem público para rir? Que tipo de sociedade é essa, que vê prazer em expor o ser humano à, por que não dizer, humilhação? Quem tem a ver com a separação de Ana Maria Braga? Isso só diz respeito a ela, ao marido e à família. E ninguém mais.

Quais os valores que norteiam os jornalistas de publicações como essa? Um escândalo mentiroso pode acabar com a vida de uma pessoa. Não é à toa que se atribui à imprensa o título de quarto poder. E poder pressupõe bom senso e reflexão.

Creio que vale pensar sobre isso.

4 comentários:

Imediata disse...

Ei, Laurinha, não tive o prazer de assistir ao Vida Alheia, mas recomendo fortemente a série "Dirty" (mais uma, Cíntia?), com a Courteney Cox (a Mônica de Friends) como protagonista. Cara, aquilo é punk até os ossos, e trata justamente disso, de jornalistas de celebridades e a completa falta de escrúpulos. Só um capítulo já basta pra você sentir o drama. Agora, uma dúvida: a Quem não é do grupo Globo? Hehehe... isso tudo tá me cheirando a encenação. Beijo!

Laura Peruchi Mezari disse...

Mais uma Cintia? haha, brincadeira. Vou colocar essa nas minhas favoritas pra conferir.
E olha, eu fiz a mesma indagação que você: Quem é do Grupo Globo sim! Achei estranho, mas depois vi na net que a emissora não aprovou o desabafo... beijo!

Khaled Salama disse...

O problema, Laura, é que muitas pessoas (muitas mesmo) não sabem o que fazer com a própria existência. Por isso, só pensam na vida dos outros. É uma perda de tempo brutal... A pessoa bacana não pensa muito nos outros porque está focada no próprio sucesso, na própria felicidade...

Jhonatam disse...

Muitas vezes...pensamos onde a fumaça tem fogo não é mesmo.
Mas cada um que cuida de sua vida e arque com todas as conseqüências, se no caso Ana Maria, se ela teve um caso extraconjugal ou não isso já não é problema meu e nem seu, somente do casal.
Mas as celebridades estão expostas, nós que não somos muito fãs de alguns, adoramos uma fofoca com os artistas. Muitas vezes achamos que eles tem vida perfeita, mas não é bem assim. Esse mundo é cheio de contradições.

Abraços