27 de jul. de 2010

Sobre a timidez e a coragem

Já viu uma pessoa ficar vermelha? É engraçado. Não esculachando. Mas às vezes a pessoa não está falando nada de mais, e fica vermelha. Isso acontece comigo ocasionalmente. Apesar de ser muito falante, por muitas vezes, sinto meu rosto ficar vermelho em situações que nem eram para me deixar tão sem graça. Em algumas cenas, nem tinha porque ter vergonha. Sei lá, começo a falar, sinto o sangue subir e parece que, quanto mais me dou conta disso, mais vermelha eu fico. É constrangedor às vezes. Todo mundo percebe que você está vermelha, o que pode fazer seu interlocutor pensar: “ela está mentindo” ou “ela está nervosa” ou então, “ela é insegura”. E é assim que uma simples reação do seu corpo mostra um pouco de você. É. O corpo fala.

Por vezes, parece que nosso organismo interpreta nossas ações como coisas erradas. Quem me conhece bem sabe que eu sou muito falante. Posso falar pelos cotovelos, às vezes viajo na maionese e falo coisas nada a ver, às vezes me irrito e falo o que não deveria ter saído do pensamento. Entretanto, até eu me soltar e revelar meu lado falante e conjugar o maior número de verbos, combinados com o maior número de palavras e fazer jus à fama de falante de mulher, às vezes me sinto meio tímida. Tímida em certas situações, corajosas em outras. Como todo ser humano.

Falando em timidez e de coragem...Alguns tipos de tímidos acanhados podem ser os mais convencidos do mundo. Sim, já que há aqueles que acham que todo mundo vai olhar pra eles. Assim, o tímido conclui que aquela roupa vai chamar atenção de todos que o veem na rua e, então, para manter-se na velha discrição, decide pelo modelo neutro. Ela acha que o batom é escuro demais, que a meia é escandalosa e a blusa muito decotada. E continua no básico. Há tímidos pra coisas sutis como essas que citei. Há tímidos sociais, coitadinhos, é de partir o coração ver certos sintomas aflorar-se num super tímido: mão molhada e fria, expressão estranha, o desconforto que eles afloram.

A linha tênue entre a timidez e a extroversão é a mesma que divide a menina que paquera o menino na balada, daquela que se esconde atrás da franja e fica esperando alguém chegar. É a mesma linha que divide o que fala declaradamente na apresentação do trabalho da faculdade e o que se retrai com poucos gestos. E é a linha semelhante entre aquela que usa o batom vermelho (e sabe que isso a valoriza) e a outra que prefere a cor de boca.

Mas afinal, a timidez pode ser um molde de personalidades. Alguém pode ter vergonha de subir no palco e cantar – algo que para outro indivíduo pode ser a coisa mais fácil do mundo. E talvez os papeis dessas mesmas pessoas se invertam na hora de falar sobre si mesmos. Quem vai discordar que a timidez pode ser momentânea e algo que difere nós uns dos outros? Da mesma maneira que a coragem para certas coisas nos faz seres únicos. A coragem pra matar constrói o bandido – já que a raiva é inerente a todos. A coragem de dirigir bêbado molda uma inconsequência. A coragem de desviar dinheiro molda o corrupto. Porém, a coragem de inovar revela empreendedores. A mesma coragem que faz o sábio insistir no silêncio e o prepotente insistir em algo que pode ser ignorância.

É, no fim das contas, entre tantas diferenças, podem existir apenas dois detalhes que nos fazem únicos: timidez e coragem.

2 comentários:

Unknown disse...

Oi Laura, quanto tempo?!
Conheci o blog há poucos dias e adorei.
Sobre o texto, você conseguiu descrever muito bem a linha que separa o tímido do corajoso.
Estas limitações,infelizmente, nos fazem perder oportunidades incríveis.
O aprendizado e a luta contra estes medos devem ser constantes.
Um beijão!

Laura Peruchi Mezari disse...

Oi Ariela! Que ótimo ver você por aqui, obrigada pela visita. Fico contente que tenha gostado do blog e do post. Realmente, uma linha tênue nos separa das oportunidades ne? COm certeza, devemos lutar contra esses medos sempre e manter a coragem guardada para outras coisas.
Um beijao!