26 de ago. de 2010

A geração teen e o culto aos ídolos

Quem aí já ouviu falar de Felipe Neto? Basta acessar os vídeos dele para entender porque o menino criou polêmica. Uns o adoram, outros o odeiam. E por que isso? Haha, que dúvida, ele fala o que pensa, sem papas na língua. E as opiniões dele (como as nossas) não agradam a todo mundo.

Um dos vídeos que ele produziu e que mais me chamou atenção foi um no qual ele criticou artistas teen e suas fãs. Felipe trata com sarcasmo a relação fã x ídolo, ídolo x fã. Tanto um lado quanto o outro distribui verdadeiras declarações de amor. Peraí, declaração de amor?

Como já diz o título do site de Felipe, não faz sentido. É, não faz mesmo. Se você dar uma navegada pelos perfis de Twitter e Orkut da geração teen, principalmente das meninas, vai encontrar frases desesperadoras. Amo José. Preciso ver João. Pedro é minha vida. Morro pelo Joaquim. (Os nomes são meramente fictícios). As meninas despendem seu tempo para cultuar os ídolos. Eu me pergunto: será que elas conseguem ter uma vida normal? Digo, será que elas conseguem se dedicar a coisas normais de adolescente, como ler a Capricho, pensar na roupa que vão usar para a festa de 15 anos, pintar a unha, sem que isso esteja intimamente ligado àquele ídolo, que nem sabe que ela existe?

Sim. Precisamos ser realistas. Um ídolo tem milhares, milhões de fãs. Deve ser legal ter várias pessoas querendo você, pensando em você – e o melhor, fazendo com que você ganhe dinheiro. Mas, como já disse Felipe Neto – ele não te ama! Sim, não ama porque ninguém pode amar alguém que não conhece. Da mesma maneira que aquilo que uma fã sente por um ídolo não é amor – ou não deve ser, né? Sei lá, eu acho legal ter um ídolo, ter em quem se espelhar, ter um exemplo para seguir ou alguém pra curtir, “alguém que eu quero ser quando crescer”. Agora, despender todo o seu tempo e energia nisso não é saudável. As meninas sonham com Justin Bieber e a maioria delas sequer terá a chance de ir num show do cara.

Parece que ser fã virou uma escolha de vida. Uma grande legião dedica todo o seu tempo para isso – há quem passe horas repetindo pedidos que imploram por um simples “oi” do ídolo via Twitter. Gostar de um artista virou outro verbo – cultuar, venerar. Em tempo integral. Acho que é preciso ficar de olho na linha tênue que divide admiração e obsessão. Deixar de viver a sua vida para ficar pensando em como seria se o Justin Bieber pudesse ser seu namorado ou como seria interessante ter o endereço de MSN dele, definitivamente, não é uma boa escolha. Não sou eu quem digo, hein. Já ouvi isso de vários especialistas. Afinal de contas, tudo na vida precisa ter um limite saudável.


Conheço um menino e uma menina que, felizmente, não fazem de suas vidas uma saga para serem notados pelos ídolos. Estão mais preocupados em aprender mais na escola, em falar uma segunda e terceira língua e planejar o futuro. E nem por isso deixaram de ser jovens legais. Que bom. Nem tudo está perdido. Espero que a juventude que se descabela por um “oi” não se arrependa mais tarde... Amém.

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