30 de abr. de 2010

Sobre a Wikipédia

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Tivemos uma discussão calorosa ontem na agência a respeito da Wikipédia, a “enciclopédia livre” da internet. Tudo começou depois que alguém pesquisou uma informação para algo importante utilizando como fonte o tal site.

Outro alguém percebeu que a informação estava equivocada. Quando questionado, nosso colega disse de onde tirou a informação: Wikipédia. Depois, confirmamos que a informação até estava correta – foi apenas interpretada de modo equivocado. Mas a discussão ganhou forma. Afinal, Wikipédia tem credibilidade?

Ultimamente, estou meio enferrujada para defender algumas coisas. Acho que é por isso que, novamente, acabei abandonando o Blog. Não sinto segurança suficiente para escrever algumas coisas que penso – ou seria falta de tempo para organizar ideias? Casa de ferreiro, espeto de pau.

Só que ontem eu defendi a minha opinião até o fim. Para mim, Wikipédia não é fonte para nada. Que credibilidade pode ter um site onde textos podem ser editados por qualquer um? Por isso, bato na tecla de que o site não tem credibilidade.

Vamos pensar no caso dos jornalistas, por exemplo. Ontem eu precisava fazer uma matéria sobre câncer. Além das respostas do oncologista, procurei informações no site do Inca – Instituto Nacional do Câncer e na Sociedade Brasileira de Oncologia. Claro que todos estão sujeitos a erro. Entretanto, acredito que seja melhorar dar crédito a uma fonte dita oficial e passar isso para os leitores, do que utilizar a Wikipédia.

Eu visito o site de vez em quando. Mas nunca tomo suas verdades como absolutas. É certo que a enciclopédia possui leitura mais fácil do que muitos livros por aí. Porém, aí acredito que é questão de acomodação. É preciso estar aberto a novas leituras e novos olhares. E, principalmente na profissão de jornalismo, a pesquisa é fundamental.

Até mesmo no meio acadêmico muitos professores não recomendam utilizar o conhecido site como fonte de pesquisa. Existe tanto conteúdo oficial na rede e nas bibliotecas, por que então utilizar as informações de um local que é aberto?

A Wikipédia pode ser acessada tanto pelo PhD em linguística quanto pelo cara que não entende patavinas de Língua Portuguesa. E aí? Quem garante a certeza das informações?

29 de mar. de 2010

Fim do caso Isabella?

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Acompanhei o julgamento do casal Nardoni – pai e madrasta da menina Isabella acusados de seu assassinato – durante a semana passada inteirinha. Sábado, pela manhã, minha primeira curiosidade foi acessar o site G1 para conferir o resultado do julgamento, que saiu durante a madrugada.

Óbvio que o resultado não foi surpresa. Os dois foram condenados. Alexandre recebeu pena maior por ser pai da menina. Os dois ainda cumprirão pena por fraude processual – por terem apagado (uma tentativa frustrada, eu diria) as provas do crime.

Depois da explanação do promotor Francisco Cembranelli, que foi espetacular ao expor a cronologia do crime, mostrando aos jurados que não havia possibilidade de o casal não estar no apartamento no momento em que a menina foi jogada (ou, na linguagem deles, defenestrada), para mim não sobraram mais dúvidas sobre a autoria do crime.

Logo após a queda, um vizinho acionou o resgate e, enquanto isso, Anna Jatobá ligava para seus pais - o que coloca a tese da defesa no chinelo. Eles alegavam que Isabella foi jogada enquanto Alexandre buscava a esposa e os outros filhos na garagem do prédio.

Não houve confissão, nem testemunha ocular. Ponto para o trabalho espetacular da perícia. Até agora, o que não entendo é: como o advogado do casal dorme à noite? E outra: por que não confessaram? Vai ver tiveram consciência do quão grave foi a barbaridade que fizeram e tiveram vergonha da atitude cruel que tiveram com a menina Isabella.

No fim, esse casal estaria com a vida estragada de qualquer jeito. Se fossem absolvidos, seriam linxados pela população que clamava pela condenação – a propósito, não concordo com as manifestações na frente do fórum.

Analisando o casal sob a ótica exposta por Ana Beatriz Barbosa Silva, em seu livro “Mentes Perigosas – o psicopata mora ao lado”, dá para perceber que o comportamento frio do casal só leva a crer que eles encaixam-se no perfil apresentado pela autora e poderiam entrar como exemplo na próxima edição da obra. Fingir choro porque não consegue demonstrar sentimento pela criatura que ele também gerou é demais.

O problema é a justiça no Brasil... já que eles não devem cumprir toda a pena em regime fechado. Depois de 2/5 presos, podem pedir regime semi-aberto e aberto (= liberdade, vamos combinar). Porém, pode ser que isso não aconteça já que Suzane Von Richthofen teve esse pedido negado. Foi considerada ameaça à sociedade. Pudera... matou os pais e foi para o motel (manchete da Época).

Os próximos capítulos do julgamento dos Nardoni? Saber se a justiça aceitará o pedido da defesa... que pode querer outro júri, diminuir a pena ou, o pior, anular o julgamento.

25 de mar. de 2010

O Twitter e a exposição da vida na internet

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As mídias sociais são um sucesso. Sua explosão começou com o Orkut, site de relacionamento no qual você tem um perfil e vira amigo só de quem quiser. Também escolher se vai compartilhar só com esse ou com toda a rede de usuários suas fotos, seus vídeos, recados e depoimentos.

Hoje, além do Orkut – que nos últimos tempos perdeu um pouco de sua audiência para outros sites – há o famoso Facebook e o Twitter, o queridinho da vez, que virou até fonte para notícias e é usado por anônimos e celebridades do mundo inteiro.

A proposta do Twitter é simples: escrever 140 caracteres. Compartilhar fotos, conversar, divulgar links. Etc. Tudo que você quiser, com limite de palavras.

As empresas têm explorado bem o Twitter: promoções, interação com o público-alvo, divulgação de novidades. Um canal muito bom para se aproximar do público “antenado” que está por trás das pouco menos de 140 letrinhas (espaços também contam, lembram-se?). Tem perfis que divulgam vagas de emprego, eventos, oportunidades, notícias. É uma maneira de filtrar as informações.

O G1 posta um link para uma notícia. Se a manchete te agradar, você clica e confere. Se não, simplesmente ignora.

Ainda não fiz um Twitter. Pode ser que eu venha a fazer, pode ser que não. Avalio a rede porque cuido de alguns perfis aqui na agência e pude conhecer mais a fundo a ferramenta. Ela pode ser viciante.

O que me chamou atenção hoje foi um link postado (no Twitter, sim!) a respeito da exposição que a ferramenta pode proporcionar, caso você não tome cuidado com o que digita no pequeno espaço e manda para o mundo. Uma mulher teve a casa assaltada. Escreveu em seu microblog que estava em Fortaleza e deixou a casa vazia. Bingo! Foi assaltada.

Aí, chega a sábia hora em que se deve pensar: qual a verdadeira finalidade do Twitter? Percebo pessoas escrevendo asneiras o dia inteiro. Ou citando fatos que não interessam a ninguém. Se fizéssemos um filtro, qual a porcentagem de conteúdo realmente relevante? Ok, existem momentos em que a seriedade e a formalidade podem ser deixadas de lado, porém, vale refletir sobre isso.

Como é o caso da mulher que citei. Quem está interessado em saber que ela foi pra Fortaleza e deixou a casa vazia? E qual o porquê de colocar isso na rede?

Todos se mobilizam para completar frases com tag do momento, como #soniaabraofacts ou #foraliabbb. Tudo bem, eu digo sim à liberdade de expressão!
Pena que essa força de mobilização não acontece para coisas mais importantes.

24 de mar. de 2010

O caso Isabella Nardoni

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Desde que a menina Isabella Nardoni foi jogada (ou jogou-se?) da janela do 6º andar do edifício London, onde seu pai e madrasta moravam, eu passei a acompanhar todos os passos da investigação.

Tanto que o assunto foi o tema que escolhi para a minha monografia (que depois transformei em artigo e está aqui). Fiz uma análise das capas de Época e Veja, à luz da teoria semiótica, a fim de descobrir que mensagens os elementos utilizados nas capas transmitiam ao leitor.

Nesta semana, o caso voltou a ocupar os noticiários nacionais. Começou o julgamento do casal. Pai e madrasta são acusados de matar a menina.

Muitas crianças morrem todos os dias e não recebem a mesma atenção que Isabella está recebendo. Anônimos protestam e visitam seu túmulo, fazem vídeos no Youtube e comunidades no Orkut em homenagem à chamada “estrelinha”.

A pergunta que não quer calar é: Alexandre e Anna Carolina Jatobá são mesmo culpados?

Ontem tivemos uma discussão aqui onde trabalho a respeito do caso. E olhei por um outro lado. Sim, eu acredito que foram os dois, pelos laudos, pela história de vida, pela falta de emoção dos dois. Mas isso não prova nada.

Defesa afirma que provas conclusivas não existem. Fico pensando, por que esse casal não confessa de uma vez? Mas, fico pensando também, se não foram eles... o júri já está envenenado. Afinal, o caso foi muito noticiado pela mídia e, querendo ou não, a mídia acabou condenando os dois antes da hora. A influência dos meios é nítida, afinal, todos souberam dos laudos pela televisão, jornais e revistas. Qual o papel do jornalismo?
Noticiar os fatos, não sugerir conclusões.

A capa de Veja da época do crime mostra bem isso:



Onde está a verdade? Nem no final do julgamento vamos saber. Até que se prove verdadeiramente que o casal é culpado ou que existiu uma terceira pessoa, ninguém, nunca saberá. O casal pode pagar pelo crime que cometeu – e não admite – ou, talvez, será preso no lugar de outro.

Saliento aqui, não sou a dona da verdade. Acredito na culpa deles. Se for provado o contrário, morderei minha língua e vou ficar muito espantada.
Mas, quem vai julgar isso é a justiça.

Talvez o jornalismo precise pulverizar melhor as atenções aos fatos.

27 de jan. de 2010

Disciplina é a chave

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Recebi um email hoje que dizia o seguinte:

“Disciplina é chave em praticamente todas as disciplinas humanas. Não espere grandes resultados em atividades que você não se dedica. Fazer pela metade geralmente é igual ou quase igual a não fazer nada”.

Fazer pela metade é fazer como todo mundo faz. Não ter disciplina é ser igual aos outros. Quem não tem foco, dificilmente alcança seus objetivos.

Dizem por aí, que, quando acreditamos e persistimos em alguma coisa, lutamos por um ideal, dificilmente não vamos alcançar nosso objetivo. Bom, eu venho perseguindo esse ideal. Fácil, não é. Mas, quem disse que seria?

Principalmente na profissão de jornalista, a atualização diária é fundamental. Todos os dias, somos bombardeados por notícias de todos os cantos do mundo, novidades sobre a economia, escândalos políticos, lançamentos tecnológicos. Informações que, se você não absorve, fica perdido no tempo, fica fora daquela discussão na hora do almoço, não entende sobre o que os colegas estão conversando e, acima de tudo, perde os argumentos. Ora, por exemplo, como você vai criticar o Pavan e dizer que ele é um vice-governador corrupto sem saber o que está acontecendo? Que fatos norteiam as acusações?

Lembro de um professor na faculdade que sempre dizia: “todos aqui sabem quem são os participantes do Big Brother Brasil. Mas não sabem quem é o Ministro da Justiça”. Ele nos surpreendia com testes de atualidades e não era todo mundo que se saía bem. Aí a gente vem com aquela desculpa... ah mas eu não tenho tempo pra ler jornais, nem pra assistir TV. A internet está aí, com conteúdo de qualidade e o melhor: a maioria desse conteúdo é de graça.

Por isso, pra quem está na faculdade, pra todas as pessoas, o que eu diria é: leia, leia, leia. Conhecimento não ocupa espaço na mente. Muito pelo contrário, abre-a para novos horizontes.

21 de jan. de 2010

Educação não traz votos

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Desde que me entendo por gente, como diz aquele ditado conveniente, eu lembro de que sempre gostei de estudar. Tinha interesse por leitura, procurava caprichar nas atividades. Costume esse que trouxe para a faculdade. Formei-me em faculdade particular mas estudei a vida inteira em escola pública.

De vez em quando começo a observar as pessoas ao meu redor. Somos todos diferentes ok, mas o que difere nosso interesse pelo conhecimento? Digo, vejo tanta gente por aí que tem vontade zero de terminar os estudos. Outros que levam a faculdade com “a barriga”, terminam com muito esforço, apenas para poder dizer um dia: tenho um diploma. Um diploma que, diga-se de passagem, não vale mais muita coisa no mercado de trabalho de hoje em dia. Há muitos anos-luz, ter uma graduação era como ter um doutorado hoje: você era considerado super importante e competente. Hoje, o cenário mudou. Quem ficar só na graduação pode ser passado para trás. Diferenciais no currículo contam bastante.

Mas é óbvio que nada disso adianta se não houver competência por parte do candidato. E podemos dizer que quem não é competente não vai passar muito além da graduação. É a acomodação.

Aí eu pergunto de onde vem tanta falta de vontade? A maioria das pessoas vai ficar sempre na mesmice. Porque, na realidade, precisamos nos esforçar muito para ser destaque no meio de um monte de iguais. E o esforço assusta, o esforço cansa, o esforço exige sacrifício. E não são todos que estão prontos para abrir mão de momentos de lazer e fins de semana de farra e descanso.

Acho que a origem disso tudo pode vir de dois lugares. Primeiro, de casa. Se os pais não incentivam, não dão o exemplo, o filho nunca vai se conscientizar de como os estudos são importantes. Depois, no caso do ensino público, vem o outro problema. O ensino que o governo oferece é fraco, temos que admitir. Quantas escolas não têm recursos, livros, estrutura... Aí vem também o outro lado da moeda, aquele que diz que quando uma pessoa quer mesmo ela corre atrás de qualquer jeito.

Engraçado é que o governo tem um ensino público fraquíssimo e um ensino superior disputado a tapas por quem quer uma vaga. Só entram os melhores. É engraçado como a situação se inverte: quem tem condições de estudar em um bom colégio vai estar mais preparado para entrar em uma Federal. Já que ficou no ensino do governo vai ralar pra entrar numa boa universidade e, às vezes, não vai ter escolha, a não ser estudar em uma faculdade particular. Os papeis se invertem. E é justo?

Não seria melhor investir numa educação de qualidade para o povo? Todo mundo sabe que a educação é a base do desenvolvimento. Mas, como li em um blog outro dia, educação não traz votos.

20 de jan. de 2010

O fim do mundo

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Faz algum tempo que eu ando pensando seriamente em uma coisa: o mundo está acabando. Não haverá o dia do fim do mundo em que meteoros atingirão a terra e destruirão tudo por aqui e um grande júri será montado para que seja decidido se você vai para o céu ou para o inferno. NOT.

O mundo está acabando faz tempo. Desde que o homem perdeu a noção do perigo e passou a tratar o planeta como se fosse um chiqueiro. Engraçado, queria saber se o porco que joga o lixo nas ruas faz a mesma coisa dentro de casa. Será que sua sala de televisão tem latinhas de refrigerante jogadas pelo chão? Sem contar o outro grupo de porcos que não sabe usar banheiros públicos. Está aí o motivo pelo qual muitas pessoas evitam usar esse tipo de ambiente para suas necessidades. Vamos ser realistas, o matinho muitas vezes é bem mais limpo que aquele banheiro de uma festa.

Engraçado como é muito mais cômodo você pensar que a culpa pelo aquecimento global é das grandes empresas e potências, que preferem o lucro ao fardo de poluir menos. Não. A culpa não é só deles. A culpa é de todos nós que jogamos simples papeis de bala pela janela do carro. A culpa é nossa, ao passar do lado da lixeira, errar o alvo e não juntar a latinha do chão. A culpa é nossa, que não fechamos a torneira ao escovar os dentes e passar a esponja nas louças.

O mundo está acabando sim. Quando me deparo com o noticiário falando do terremoto que atingiu o Haiti, quando ouço a notícia sobre a tragédia em Angra, quando vejo a onda de frio matando muitos na Europa e o calor castigando nós aqui no Brasil. Definitivamente, o tempo está louco e a culpa é nossa sim. Até quando vamos fugir dessa responsabilidade, até quando vamos pensar que tragédias acontecem só com os outros?

Estamos destruindo nossa casa, aos poucos. Como toda ação tem uma reação, o planeta está devolvendo tudo na mesma moeda. Uns tem o que merecem, outros nem mereciam tanto sofrimento. Pergunto-me: o que sobrará para as próximas gerações? Um clima descontrolado, uma biosfera desfalcada, eventos climáticos que devastam tudo que encontram pela frente. Sonhos destruídos, vidas interrompidas.

Tem alguma dúvida de que o mundo está acabando? Nós estamos acabando com ele.