1 de set. de 2010

Sobre a angústia da morte 2

Não que a morte seja meu assunto preferido – e creio que não leva ninguém ao delírio verbal. A verdade é que talvez hoje seja um dia mais propício para escrever sobre ela do que no outro dia em que fiz isso.

Hoje meu pai me falou que um jovem em minha cidade natal faleceu. Um conhecido, que se foi de forma trágica. Da mesma maneira que aqui em Tubarão e em outras partes do mundo outras pessoas se foram. Pelo caminho que fiz hoje, passei em frente à funerária, onde muitas pessoas foram levar seus sentimentos. Dois velórios aconteciam, simultaneamente. Para fechar, assistindo meu seriado favorito, um personagem querido também partiu. Chorei como criança. Não porque eu me envolva de maneira a acreditar que aquilo é verdade. Mas, sim, por conseguir transportar-me, conseguir, de alguma maneira, sentir, por alguns momentos, aquela dor. Já dizem que a arte imita a vida e, nesse quesito, nada é ficcional.

A morte será sempre o maior mistério da vida. Aquilo para o qual, por mais que a gente tente se preparar, nunca estaremos prontos. Não importa se a morte foi lenta, no leito de uma UTI, ou se foi um susto, como uma tragédia ou infarto. Tampouco conta o fato de a pessoa em questão ter 2 ou 80 anos. O que importa é o sentimento em jogo. Se há amor, carinho e respeito, uma pessoa nunca será dispensável ou substituível. No emprego, no jogo ou no clube, pessoas não são insubstituíveis. Mas, dentro de nossos corações, elas são. Ninguém é igual a ninguém. Pessoas chegam em nossas vidas, vão embora, deixam marcas. O tempo atenua a dor, mas jamais deixa-nos esquecer daqueles que, de verdade, tocaram nosso coração. A lembrança pode ser mais escassa, a dor pode ser menos intensa. Porém, a saudade, o sentimento intraduzível, que aperta o peito e traz aquela sensação de vazio, essa sim, nunca é atenuada.

No episódio ao qual assisti hoje, uma passagem me chamou a atenção: afinal, por que nos apaixonamos e nos envolvemos com as pessoas, ao ponto de nos entregarmos e deixar que sua ida nos destrua? Não há resposta. Vivemos para isso. De que vale a vida sem sentimentos como o amor das pessoas que queremos bem: família, amigos e amores? Nada. Viver sem isso é como padecer no vácuo. Sem rumo, sem vontade, sem cor.

No fim das contas, a morte continuará sendo aquilo que sempre foi: aquela angústia e a certeza de o fim é o mesmo para todos.

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